sábado, 25 de fevereiro de 2017

A DOCE VIDA...LA DOLCE VITA


Ao rever o filme "A DOCE VIDA/LA DOLCE VITA" (1960) de Federico Fellini, ele me causou uma sensação como tivesse levado um tapa na cara, tal as referências emblemáticas que explicam a nossa atualidade. Refiro-me ao legado rascante de Fellini sobre uma época que viveu, mas que pode ter sido uma carta do passado para o futuro-presente. 


O fim de uma era, a perda do provincianismo, o princípio da globalização, a presença descartável das celebridades e diante disso a perplexidade do ex-provinciano de Rimini. Não foi gratuito que este filme torna célebre a indiscreta e perversa profissão dos "paparazzi". Eles que simbolicamente anunciam uma era predominante aonde a farsa, invasão da privacidade, frivolidade, hipocrisia, narcisismo, exibicionismo, esbanjamento consumista formam o imaginário (consciência?) destes tempos. Logo na famosa sequencia inicial, a imagem de Cristo flutuando, carregado por um helicóptero, é uma metáfora da substituição da sociedade agrária por esta que põe no altar do sagrado: o "deus-consumo". 



FICHA TÉCNICA: A Doce Vita (La Dolce Vita, 1960). Dir. Federico Fellini Com Anita Edberg, Marcello Mastroiani, Anouk Aimée, Alain Cuny, Lex Baxter...Rot.: Fellini, Pasolini, Ennio Flaiano, Tulio Pinelli, B. Rondi; Música: Nino Rota. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

TEORIA DA LUZ PRÓPRIA


Vamos continuar falando sobre Raduan Nassar. Recordo que na época do lançamento de "Lavoura Arcaica" (1975), um amigo me contou que havia ido a uma livraria e lá não conseguiu encontra-lo, mas ao procurar informação, o atendente se dirigiu a prateleira dos livros sobre agronomia. 



Este meu amigo, não se conteve em risos e gargalhadas. Ainda hoje, deve existir brasileiros que confundem o assunto do livro pelo título da capa. Talvez, esta tenha sido uma das confusões do ministro da cultura.

EU NÃO SOU SEU NEGRO


Programa imperdível:



"EU NÃO SOU SEU NEGRO" de Raoul Peck. 

Não vou chover no molhado escrevendo uma resenha. 

Este filme-doc extraordinariamente roteirizado, com uma música, pesquisa de imagens/arquivo e montagem de arrepiar. 

Projeto que o diretor alimentou por 30 anos e levou 10 para realizar. 

Não poderia ter ficado pronto numa melhor época. Faz todo o sentido. 

Pra quem mora em São Paulo recomendo a projeção do CineSesc, rua Augusta.

A TRAGÉDIA QUANDO A HISTÓRIA SE REPETE


A Vida imita a Arte...as vezes numa canastrice digna de patéticos patetas. 










PS.:"Dr. Fantástico" (Dr. Strangelove -1964) de Stanley Kubrick. Com Peters Sellers, George C Scott, Slim Pickens, James Earl Jones... 

AMAZÔNIA ESQUARTEJADA de MARCOS SANTILLI

e 2017


Esta notícia está associada ao Programa: 

Em artigo publicado neste domingo (12/2) no jornal Folha de S.Paulo, o sócio fundador do ISA, Marcio Santilli, critica o Projeto de Lei (PL) que subtrai mais de um milhão de hectares da extensão de cinco Unidades de Conservação e projeta um cenário de esquartejamento definitivo da floresta em fragmentos descontínuos

As rodovias federais (BRs) promovem a integração terrestre entre a Amazônia e o centro-sul do Brasil e se estendem a países vizinhos como Bolivia, Perú, Venezuela e Guiana Francesa. Também são fundamentais para o trânsito de pessoas e o escoamento de produtos regionais. Todavia, 80% dos casos de desmatamento na Amazônia ocorrem na faixa de 30 km ao longo das estradas pavimentadas.

Quando o governo federal anunciou, em 2003, a pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém), desencadeou-se um movimento chamado BR-163 Sustentável que propôs a implantação, concomitantemente à pavimentação da estrada, de um programa regional de desenvolvimento sustentável, para evitar a repetição dos gigantescos processos de grilagem de terras e desflorestamento dos tempos de ditadura no trecho paraense da Rodovia Transamazônica (BR-230) e entre o noroeste de Mato Grosso e Rondônia (BR-364).

Daí resultou, entre outras coisas, a criação de um mosaico de áreas de conservação federais e estaduais, que interliga blocos de Terras Indígenas nas bacias dos rios Xingu e Tapajós, visando assegurar a contiguidade da floresta. Porém, em vez de implementar e proteger essas áreas, os últimos governos vêm reduzindo sua extensão na região, liberando áreas que ficam à mercê de invasões, desmatamento e grilagem.

No governo passado, já se havia criado o precedente de alterar limites de áreas protegidas por meio de Medidas Provisórias (MPs), para reduzir áreas de Unidades de Conservação que seriam inundadas com a pretendida implantação de um sistema de hidrelétricas na Bacia do Tapajós. No governo atual, outras duas MPs tornaram a alterar limites de Unidades de Conservação nessa região.

Como se fosse pouco, deputados e senadores do Estado do Amazonas estiveram esta semana com o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, para acertar com o governo o envio de um Projeto de Lei (PL) que subtrai mais de um milhão de hectares da extensão de cinco Unidades de Conservação criadas no final do governo passado. Eles querem extinguir a Área de Proteção Ambiental de Campos de Manicoré, diminuir o Parque Nacional de Acari, a Reserva Biológica de Manicoré, as Florestas Nacionais de Urupadi e Aripuanã, no sul do Amazonas e ao longo das BRs 230 e 319. Veja o mapa abaixo.

Essas Unidades de Conservação completam uma barreira de áreas protegidas que vem sendo construída há vários governos para conter a expansão das frentes predatórias de desmatamento que avançam para o sul do Amazonas a partir do norte do Mato Grosso e de Rondônia. Protegem ainda uma parte do eixo da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus e que os políticos do Amazonas querem ver pavimentada.
O que está em jogo é muito mais do que o desmatamento e a grilagem. Estão se abrindo fendas transversais, contínuas e expansivas ao longo da Amazônia, de sul para norte e de leste para oeste, projetando um cenário de esquartejamento definitivo da floresta em fragmentos descontínuos, com graves implicações para os fluxos genéticos e de umidade. Ilhas de floresta não conservam animais, plantas e paisagens como um ambiente contínuo.

Outra consequência drástica é o provável impacto nos padrões de distribuição de umidade. Correntes atmosféricas amazônicas carregam vapor d´água, como rios voadores, provendo boa parte das chuvas que suprem as principais regiões agrícolas e metropolitanas do Brasil e dos países do Cone Sul.

A presente geração testemunhará o esquartejamento definitivo da maior floresta tropical do mundo se não houver resposta forte e rápida da sociedade aos que, no governo e no Congresso, só se movem em função de interesses próprios e imediatos.

ISA

MANCHESTER À BEIRA MAR


Mudando de assunto...
"Manchester à beira mar"/ Manchester by the Sea de Kenneth Lonergan que filmaço! 
Roteiro caprichado sobre a afetividade na linha tênue dos segredos confabulados da família, do lugar. 
O personagem Lee Chandler, interpretado soberbamente por Casey Affleck, numa contenção milimétrica à beira da explosão emocional. 
E a trilha musical de Lesley Barber? Maravilha...não me sai da memória.

Elenco: Casey Affleck - Lee Chandler
             Kyle Chandler - Joe Chandler
             Lucas Hedges - Patrick
             Michelle Williams - Randi
             Getchen Mol - Elise


A UM PASSO DA ETERNIDADE





"A Um Passo Da Eternidade" (From Here To Eternity - 1953), dir. Fred Zinnemann 
Com: Burt Lancaster, Debora Kerr, Montgomery Clief, Donna Reed, Frank Sinatra. 
O beijo que escandalizou os permanentes "defensores da moral e dos bons costumes".


"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.