quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

PARA QUE SERVE A UTOPIA?

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” – Fernando Birri (1925-2017) 


O CINEMA DO MUNDO ESTÁ DE LUTO

O CINEMA DO MUNDO ESTÁ DE LUTO por Luiz Carlos Lacerda



"Hoje perdemos o grande cineasta argentino Fernando Birri (1925-2017). 
Autor de importante filmografia, fundador da Escuela de Cine de Cuba ( "La utopia del Ojo y de la Oreja "), junto com Gabriel Garcia Marquez, também fundador da Escuela de Cine de Rosario, um artista libertário . 

Lembrarei de sua figura, sempre de bata branca, pelos jardins da Escuela, cercado pelo amor dos seus alunos. Irreverente, atuava nos filmes dos estudantes, desnudava-se nos banhos de piscina sem censura e sem pecado - como é da natureza dos homens livres.


A última vez que o encontrei foi no Festival de Trieste. Era a vedete das entrevistas coletivas, com sua inteligência, seu esoterismo particular, seu extremo senso de humor e sua defesa intransigente do cinema da América Latina. Contra o dragão da maldade das majors e da colonização cultural.
Ao lado de Glauber fazia uma dupla de combatentes obsessivos e brilhantes.
O último dos moicanos guerreiros.
Morreu em Roma, onde vivia, na véspera da comemoração dos 122 anos da 1a sessão de cinema.

Tristeza não tem fim."

sábado, 23 de dezembro de 2017

BRUCE McCANDLESS, O ASTRONAUTA ANJO


Bruce McCandless, aos 80 anos, deixou a TERRA-NAVE para navegar no espaço sideral como poeira cósmica. Ele foi o primeiro astronauta a flutuar no espaço sem qualquer conexão física com sua nave - 1984.


Quando lhe foi perguntado sobre sua extraordinária experiência: 

"- A visão da Terra. A outra coisa mais extraordinária quando se é astronauta é que você não vê os países, as fronteiras. Vê as pessoas, a nave espacial Terra."

Folheando meu caderno de anotações daquele ano, encontro meu registro sobre esse grande feito.



sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

CHICO MENDES - A DATA DE HOJE, 15 DEZEMBRO


Chico Mendes (1944-1988), um dos mais expressivos líderes do século XX e que se destacou por defender a preservação da floresta amazônica contra os interesses do latifúndio para a criação de gado. E, por causa disso foi assassinado. 

    Chico Mendes e o filho Sandino. Foto: Carlos Ruggi

Esse crime aconteceu 29 anos atrás...15 de dezembro.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

USP: PRAÇA MILTON SANTOS


Caminhando pelo campus-USP encontrei a recém inaugurada (12/12/2017) "Praça Milton Santos". 


Uma inspirada intervenção da artista Regina Silveira: "MUNDO" - as pegadas humanas convergindo e se misturando na pele do planeta Terra.


O PROJETO AMALUCADO DE HERMAN KAHN FAZ 50 ANOS


2017 está indo pro ralo, literalmente. 

A maioria esmagadora dos brasileiros sentirão zero de saudades. 

Mas, não podemos esquecer que faz 50 anos do estapafúrdio "Projeto dos Grandes Lagos Amazônicos", elaborado pelo Instituto Hudson, do futurólogo norte-americano Herman Kahn, figurinha que inspirou o "Doutor Fantástico/Dr. Strangelove"(1964), filme de Stanley Kubrick . 


A idéia era inundar uma imensa área do Baixo Amazonas e transforma-la num gigantesco lago, parte de Manaus e Belém, por exemplo, ficariam debaixo d'água. 

O projeto foi encomendado e defendido pelo economista e diplomata Roberto Campos, o todo-poderoso ideólogo da ditadura, mas não somente ele, houve quem apoiasse em nome do "progresso e do desenvolvimento" do comercio global.



Os ditadores defendiam a palavra de ordem contra "a internacionalização da Amazônia", "integrar para não integrar", mas na verdade, logo no segundo dia pós Golpe 64, eles entregaram de "mãos-beijadas" as jazidas aonde hoje se encontra Carajás para as empresas norte-americanas: U.S. Steel e United States Steel. Anos depois venderam ao governo brasileiro por outros milhões de dólares. Quanto isso, a intervenção atabalhoada na Amazônia causou uma devastadora desordem fundiária, consequências nefastas que até hoje empapa de sangue e injustiças a região amazônica.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A CONTRA CULTURA EM PERSPECTIVA

A CONTRA CULTURA EM PERSPECTIVA - Luiz Carlos Maciel (1938-2017)


A história da contracultura é contada por eventos, grandes e pequenos, e pelos indivíduos envolvidos nele. Uma lista do que nela não poderia faltar, é alentada. Grandes concertos de rock, em locais abertos, diante de multidões de jovens, principalmente o realizado em Woodstock, assistido por 500 mil pessoas e que se tornou um símbolo em 1969. A carreira de conjuntos famosos como os Beatles, os Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin e tantos outros. Os discos marcantes que gravaram ainda na era do LP. Os poetas de San Francisco, editados pela City Lights. A mitologia que colocou uma áurea libertária nas drogas psicodélicas, especialmente a maconha, o LSD, os cogumelos mágicos, o cactus peyote. O abandono do pensamento racional, matemático, em favor do pensamento mágico, ocultistas como Aleister Crowley, divulgadores do ácido lisérgico, como Timothy Leary. As rebeliões estudantis e a campanha contra a guerra do Vietnã. O prestígio de doutrinas vindas do Oriente, como as várias crenças da Índia, o prestígio de gurus como Osho, e a influência do Budismo, do Taoísmo, do Zen Budismo. O advento da anti-psiquiatria de Ronnie Laing e David Cooper, resgatando a loucura de sua maldição. Livros reveladores do Oriente: o I-Ching que propicia a descoberta da sincronicidade, o que – como veremos daqui a pouco - iria redundar numa nova maneira de conceber o próprio Tempo. O Livro Tibetano dos Mortos que, adaptado por Leary, vira um guia para viagens de ácido. O trabalho de divulgadores da visão oriental, como Alan Watts. A revolução nas artes em geral. O teatro off-Broadway em Nova York, lar do Living Theatre, de Judith Malina e Julien Beck, na vanguarda da contracultura. O título de um de seus espetáculos, Paradise Now, indica que a contracultura vem do futuro porque faz exigências prementes ao presente. O musical Hair, na Broadway. O cinema de vanguarda. A imprensa alternativa materializando uma imagem do mundo diferente da divulgada pela media capitalista. As anti-Universidades que libertam o conhecimento humano dos limites da caretice acadêmica para sua abertura a novos e surpreendentes horizontes. O mundo da contracultura parece inesgotável. Se continuar a fazer este inventário, acho que não vou terminar nunca...No Brasil, na fase mais feroz da ditadura militar, quando nossos jovens experimentavam o apelo para a ação armada, peço licença para apontar no sentido de uma alternativa: as primeiras informações sobre nascente contracultura que foram publicadas entre nós foram registradas pelas páginas do Underground do Pasquim, sob minha responsabilidade. Minha participação no surgimento da contracultura brasileira se confundiu com minha atividade profissional como jornalista. Fui um dos responsáveis pelo aparecimento de uma imprensa alternativa entre nós, em publicações como a primeira Rolling Stone e a Flor do Mal. Se a guerra do Vietnã estimulou o surgimento da contracultura americana, aqui uma brutalidade semelhante, a ditadura militar, cumpriu o mesmo papel. Ela motivou artistas brasileiros importantes como Caetano Veloso e Gilberto Gil com seu Tropicalismo, Raul Seixas com sua Sociedade Alternativa e muitos outros. É preciso lembrar os poetas da Nuvem Cigana, a geração do mimeógrafo, o Circo Voador e seus artistas, Jorge Mautner, Rogério Duarte, José Agripino de Paula, Torquato Neto, Tavinho Paes, poeta e ativista cultural que continua a todo vapor até hoje, e tantos outros. Eventos como as noites do Curtisom, no Rio, o Festival de Guarapari, a multiplicação das comunidades rurais formadas por jovens que abandonaram as grandes cidades, o número crescente de espectadores para shows com a música da nova geração, a multiplicação da imprensa alternativa, e o crescente consumo de drogas alucinógenas, ou sagradas, são fenômenos que merecem consideração. A contracultura se alastrava por toda parte, até por aqui. Mas tudo começou com o movimento pacifista que gostava de mostrar Lord Bertrand Russell lutando pela paz na Trafagal Square, em Londres. O símbolo do movimento era exatamente o mesmo que os hippies haveriam depois de popularizar em todo o mundo, traduzindo-o no slogan fundamental Make Love Not War. Nos USA, o movimento foi abraçado por jovens universitários que, a começar por Berkeley, se espalhou ràpidamente por todos campus do país, graças, entre outros fatores, ao documentário Operation Abolition que as autoridades divulgaram por toda parte, mostrando a violenta repressão policial que se abateu sobre os meninos da California que protestavam contra a guerra no Vietnã, com o objetivo de intimidar os meninos do resto dos USA. O resultado foi o inverso do pretendido. Os jovens americanos de todos os lugares ficaram revoltados com a estupidez policial e aderiram ao movimento pacifista. Atenderam à recomendação de Timothy Leary para turn on, tune in e drop out. Cairam fora. Queimaram publicamente seus certificados para o serviço militar e preferiram tornar-se marginais da sociedade estabelecida. Vestiram roupas diferentes e vistosas, deixaram os cabelos crescer, acenderam seus cigarrinhos maconha, tomaram seus ácidos lisérgicos e viraram a mesa. Foram os primeiros hippies. Sem embasamentos teóricos, a partir da intuição e da ação pura, criaram um movimento surpreendente no melhor estilo do grupo-em-fusão, definido por Sartre como a única rebelião eficiente contra a opressão do “inferno do Prático Inerte”, isto é, o Sistema até hoje infelizmente vigente e seus mecanismos de manipulação e controle – e que Philip K. Dick chama de Prisão de Ferro Negro. Sim, o Sistema, o adversário, já havia sido identificado e devidamente caracterizado. Desde Marx , pelo conceito de alienação, a Georg Lukacs, pelo de reificação, até Sartre, pelo de serialização, ou mesmo de Heidegger, pelo de maquinação, ou de Philip K. Dick e sua visão da Prisão de Ferro Negro, sabíamos quem era e como agia o adversário. Mas ele não esperava tomar um susto tão grande quanto, de repente, viu-se diante de uma contestação que não se definia pelo confronto direto, como as revoluções anteriores, mas por uma manobra indireta, a da alternativa em todas as dimensões de nosso ser-no-mundo, como diria Heidegger. Foram os dias áureos do Flower Power – ou da Sociedade Alternativa, como a preferia chamar o brasileiro Raul Seixas. O gesto da hippie que enfia delicadamente uma flor na boca de um fuzil empunhado por um soldado a serviço da repressão, é uma síntese visual que certamente vale por mil palavras.

- Trecho do ensaio inédito Memórias do Futuro

domingo, 10 de dezembro de 2017

LUIZ CARLOS MACIEL, FOI ALI BEM...


Em homenagem à Luiz Carlos Maciel, ele que sempre estará entre nós, como se diz na minha terra..."Ele foi ali bem, maninha". 


Maciel, foi um dos nossos faróis naqueles anos "bicudos" de repressão e auto-repressão ditatorial, o mundo agitado queria mais e por aqui a ditadura impunha menos (muitos menos), mas existia "UNderground", uma página no jornal PASQUIM, mas que representava um front de resistência na resistência & liderada pelo nosso "guru". 

Maciel mostrava que podíamos fazer o nosso próprio impresso, com nossas próprias opiniões & em Brasília fizemos: TRIBO. 

Coincidentemente parte desta história é ficção-histórica no romance recém lançado: "A Noite da Espera" de Milton Hatoum.

E pensar que Luiz Carlos Maciel nem precisou vestir uma sunga e se exibir na praia de Ipanema para mostrar o quanto ele foi importante nas conquistas do séc.XX: nova consciência, nova-esquerda (new left), feminismo, liberação e igualdade na diversidade sexual, defesa do meio ambiente e dos direitos humanos e dos povos indígenas, a valorização da cultura afrodescendente no Brasil, a contracultura e a aura libertária das drogas alucinógenas.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

KAZUO ISHIGURO - NOBEL LITERATURA 2017


Trechos do discurso de Kazuo Ishiguro - Nobel Literatura 2017: 


"Sou um autor cansado que pertence a uma geração cansada".(...)

"Vive-se uma era de oportunidades perdidas e enormes desigualdades". (...)

"Vimos avanços em questões como feminismo, direitos dos gays e luta contra o racismo. Fomos testemunhas disso e chegamos a conclusões felizes. Mas desde a queda do Muro de Berlim contemplamos como oportunidades foram sendo perdidas - especialmente depois da guerra do Iraque e dos escândalos econômicos e a crise de 2008 -, e agora vemos proliferar ideologia de ultradireita e nacionalismo tribais. Ou um racismo em sua forma tradicional, envolvido em versões de marketing. 

O monstro enterrado acordou".

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

MR. TRUMP - O IRRESPONSÁVEL BOBALHÃO


O irresponsável bobalhão que se encontra à frente da maior potência militar do planeta, quer instalar a embaixada dos EUA em Jerusalem. Mas em nome de quem e do quê? Por referências bíblicas? 

Esta é uma cidade que pertence aos três troncos religiosos: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. A cidade sagrada é uma espécie de "cebola", ao longo da sua historia vários povos aí se instalaram e a dominaram: egípcios, assírios, babilônicos, persas, mongóis, gregos, romanos, britânicos, etc...


Ao final, sugiro ao Mr.Trump que tal devolver o Estado e a cidade de Washington aos povos originários ("Peles-Vermelhas") que aí habitavam desde milhares de anos?




segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

LIBERDADE SUCATEADA

O sucateamento das liberdades...

O artista plástico sírio Tammam Azzam, fez das tripas coração, aproveitou os destroços de bombardeios de Aleppo e fez esta provocadora metáfora destes dias (ou de sempre): 


- Liberdade, quantos crimes cometeram e ainda cometem em teu nome?


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

ESCRAVIDÃO SÉCULO XXI


Em 2013, o diretor Steve McQueen lançou "12 Anos de Escravidão", ao ser questionado sobre o assunto do seu filme, ele respondeu que não estava se referindo ao passado, mas ao presente. 

Segundo McQueen, hoje, haveria mais pessoas trabalhando sob o regime de "trabalho-escravo" do que na época do escravagismo. 


As fotos estarrecedoras sobre a venda de migrantes na Líbia nos leva questionar a humanidade. Hoje, mais de 40 milhões de pessoas no mundo se encontram em regime de escravidão. (OMT - Organização Mundial do Trabalho)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A RUPTURA NOS FILMES "COLO" & "VAZANTE"


"COLO" (Portugal) de Teresa Villaverde & "VAZANTE" (Brasil) de Daniela Thomas são filmes que causam um estranhamento pela narrativa que cada um deles opta. 

Esbarram em conteúdos que integram o nosso cotidiano rompendo idiossincrasias. Nós, sobretudo ao filme brasileiro, somos levados a se confrontar com a narrativa de Daniela Thomas que se pretende tocar num assunto "tabu" no recinto da família brasileira, "aquele"/"este" com outro nome: "miscigenação", "democracia racial". Ela situa a sua história no Brasil arcaico colonial, talvez para mostrar a gênese do mal que se quer silenciar ainda hoje - o hediondo crime da escravidão com a mão-de-obra africana. 


O filme português "Colo", faz uma desconstrução narrativa de uma família de classe média que se desmorona num momento grave da história recente daquele país, submetido às medidas neoliberais que levou grande parte da população ativa ao desemprego e os jovens desesperançados migrarem para outros país. 

O filme de Daniela Thomas acontece quando a extração de diamantes se exaure levando a decadência famílias que viviam daquele ciclo econômico. Faço essa comparação não pelas qualidades de cada um deles, mas, por aquilo que se quis dizer e ficou ao meio do caminho, sobretudo no que se refere ao filme "Vazante". 


Os dois tratam da afetividade e do não compartilhamento dos segredos confabulados: Quero/Queremos colo. 

O incômodo no filme de Daniela Thomas é uma ingenuidade retratada numa narrativa poética, rascunhada no silêncio...na culpa que parece escamotear a ruptura adjacente...a repulsa...a desilusão...o não dito...o não mostrado.

sábado, 18 de novembro de 2017

A VIDA DE GALILEU de BERTOLT BRECHT


"Galileu Galilei, 22 de junho de 1633, perante a Inquisição, renega a sua doutrina do movimento da Terra."

Escurece.

ANDREA (alto): "Infeliz a terra (país) que não tem heróis!"

Entra Galileu, completamente alterado, quase irreconhecível. Ouviu a frase de Andrea.


GALILEU: "Não. Infeliz a terra (país) que precisa de heróis."

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A NOITE DA ESPERA - MILTON HATOUM / LANÇAMENTO


Diálogo Entre Amigos

Aurélio: - A Noite no Beirute vai ser uma Noite de Encontros Esperados. 

Angélica: - Não é? Vai ser de arromba!


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

TORQUATO NETO - TODAS AS HORAS DO FIM


Assistir ao filme-doc "Torquato Neto - Todas as Horas do Fim" de Eduardo Ades e Marcus Fernando, foi um prazer...numa viagem as intimidades deste poeta que marcou toda a geração que se identificava com a força criativa do Tropicalismo. 


O doc consegue com uma rigorosa pesquisa pinçar no acervo pessoal e familiar instantes da sua escrita como dos seus registros de filmes & nos levar ao encontro do poeta. 

Torquato Neto, sem dúvida encarnou a dilacerante existência de quem ousava pensar livre-mente ao meio da paranóia e falta de perspectivas imposta pela ditadura. Nós que ainda frequentávamos o colégio, vivíamos um confronto entre multi-escolhas, em debates acaloradas se discutia gostar ou não, optar por este (a) ou aquele (a)...Ironicamente era um tempo que tínhamos uma multidão de geniais artistas: The Beatles ou The Rolling Stones? Yoko Ono ou The Beatles? Jimi Hendrix ou Jimi Page ou Jeff Back ou Eric Clapton? No Brasil...Gilberto Gil, Caetano Veloso ou Chico Buarque? Cinema Novo ou Cinema Marginal? Gal Costa ou Maria Bethania ou Elis Regina? Desbundados ou Caretas? 

Existia veredas que nos apontava noutras direções... surpresas, por exemplo - a fleuma da cantora Nara Leão. O apetite era tão enorme, mas tão desmesurada, tampouco se corria o risco de errar, sim, por que qualquer das opções eram simplesmente geniais. E era justamente isso que nos fazia conseguir respirar naquele aflitivo ambiente de repressão. 

O poeta Torquato Neto foi açodado por essa agonia, justamente naquele ano aonde a repressão física se mostrava implacável e muitos dos melhores se encontravam no exílio... "Um poeta desfolha a bandeira/E eu me sinto melhor colorido/Pego um jato, viajo, arrebento/Com o roteiro do sexto sentido/Voz do morro, pilão de concreto/Tropicália, bananas ao vento."

Em novembro de 1972, o poeta Torquato Neto (1944-1972), abriu o gás do fogão e partiu, foi logo depois que John Lennon já havia lançado sua música ícone daquele tempo: "GOD" - The Dream is Over/ O Sonho Acabou.

domingo, 12 de novembro de 2017

BYE BYE CERRADO por MARCELO LEITE


Amazonia? Mata Atlântica? Não, é o Cerrado que está indo pro saco e com ele mais de 4.800 espécies de plantas e animais típicos deste bioma. 

Brasília, sem chuvas sofre com desabastecimento dos reservatórios de água. 

Este é apenas um dos péssimos sinais.

FolhaSP, 12/11/2017

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A UnB E OS DOIS CANDANGOS: DARCY RIBEIRO E ANISIO TEIXEIRA


Aonde estiverem Darcy Ribeiro e Anisio Teixeira devem sorrir despudoradamente...


A UnB-Universidade de Brasília, criada por eles, desde que foi implantado o sistema de cotas ( 2003), o numero de estudantes de graduação que se declaram negros (pretos ou pardos) cresceu, hoje, chegam a representar 50,6% dos alunos matriculados no 2º semestre de 2017. 

E pensar que não existia no projeto original da Capital Federal, a idéia de uma universidade pública e gratuita. A igreja católica fazia lobby pela implantação da PUC, privada e paga. Mas, esta dupla de educadores reagiram e conseguiram que o presidente João Goulart, finalmente criasse a UnB, em 1962. 

Auditório Dois Candangos, o nome deste espaço homenageia os pedreiros Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, que morreram soterrados em um acidente durante as obras. Mas bem que poderia ser, também, uma homenagem à estes dois mestres - Dois Candangos da Educação.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

UM CLUBE DE SENHORES & RAPAZES


Caso dependesse desses sujeitos não haveria FAMÍLIA. 


Eles fazem votos de castidade e amor incondicional a Nossa Senhora e ao Plinio Corrêa de Oliveira, fundador e ideólogo da TFP - tradição, família e propriedade. 

Um clube exclusivo de senhores & rapazes.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

TIM MAIA JÁ SABIA DE TUDO



Tim Maia já dizia: 
"Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita". E só piora...

ACRESCENTE-SE: Manifestantes contra as artes nunca foram numa exposição, não costumam assistir filme brasileiro, não leram um livro sequer e de religião só conhecem de ouvir falar sobre "Jesus". Bate-panela para aprovar reformas que extinguem as conquistas trabalhistas e apóiam, mesmo que envergonhados, um governo rejeitado por 70% da população. 

Mas afinal...Quem são essas criaturas?

OS DEGENERADOS GOLPISTAS



O rebotalho que fez opção pelo conceito nazista de "arte degenerada", talvez, não saibam quais artistas que o totalitarismo queriam banir: 


Lasar Segal, Picasso, Gauguin, Paul Klee, Chagal, George Grosz, El Lissitzky, Max Ernst, Modrian, Klint entre outras centenas de artistas. 
Com essa ação de propaganda, os nazistas queriam impedir qualquer voz de oposição e estas vinham do campo das artes, da literatura, da intelectualidade acadêmica universitária, era preciso calar, prender...matá-los.

JUDITH BUTLER, SEJA BEM VINDA!


"Ódio e censura são baseados no medo." 
Judith Butler


terça-feira, 7 de novembro de 2017

QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA

Qualquer semelhança não é mera coincidência.


Só para fazer coceira na memória dos desmiolados...

A palavra de ordem dos nazistas contra a Arte Moderna que eles denominaram como "arte degenerada": 

"Pureza Racial, Militarismo e Obediência".


Existe algo de semelhante na palavra de ordem dos  abilolados da hilária e irresponsável: "intervenção militar".

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

MAIS UM MASSACRE CASEIRO À MODA DOS EUA


De quem é o dedo que aperta o gatilho das armas dos massacres nos USA? 

Existe somente uma resposta: 

- A INDÚSTRIA ARMAMENTISTA. 


Desta vez foi Devin Kelley, 26 anos, abriu fogo à êsmo durante um culto numa igreja em Sutherland Springs, uma comunidade no Texas, matou 26 pessoas e feriu outras 20. Vestindo um colete à prova de balas, estava fortemente armado e no seu automóvel foi encontrado um arsenal pronto para fazer guerra. 

Sim, foi morto numa perseguição com a polícia & será diagnosticado como louco.

O vexame desta trágica história é o desrespeito do presidente dos EUA, Donald Trump, ele fez escárnio com os Direitos Humanos, não se solidariza com as vítimas, mas se preocupa unicamente para livrar a culpa da cultura bélica que contaminou os norte-americanos e os transformou em paranóicos prontos para resolver suas questões psíquicas com armas nas mãos.

O ABILOLADO DO JABURU


BOMBALÁ, era um personagem da minha infância em Manaus. Eles nos causava medo e admiração. Era um dos nossos vizinhos e todas as vezes que a Banda da Polícia saía em desfile pela cidade, ele, vestido de pijamas se colocava à frente e ia todo sorridentes...com certeza, se achando o "General da Banda"


Outro dia, vendo esta foto deste outro personagem que habita no Jaburu...identifiquei algo patético que caracteriza um alienado mental se achando "dono do Brasil", mesmo rejeitado por 97% dos brasileiros. Ao contrário do Bombalá, que merece a estima que nós manauaras aprendemos a admira-lo e respeita-lo.

domingo, 5 de novembro de 2017

O AMARGO RIO DOCE



Hoje faz dois anos que cidades localizadas em Mariana-MG foram arrasadas por um "tsunami" de lama. 

O rompimento da barragem do Fundão/Mineradora Samarco, numa extensão de 650 km, devastou e transformou em escombros sonhos e desejos... deixando 19 mortos e cerca de 300 famílias desalojadas. Elas viram de uma hora pra outra sumir do mapa seus bens materiais e espirituais - lugares, paisagens, edificações, amigos, animais de estimação, vizinhos, álbuns de família e tudo que lhes dava sentido de viver o cotidiano. 


- Mais um desastre ambiental que ficará sem resposta?

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

2017...CAETANO VELOSO É PROIBIDO


E quem ainda duvidava da atualidade de "Proibido Proibir"...se deu mal. A Justiça de São Paulo proibiu a realização do show de Caetano Veloso na ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em São Bernardo do Campo (SP).


- Viva Caetano Veloso, a Democracia e a Liberdade de Expressão. 

“(...) Eu era o tropicalista, aquele que está livre de amarras políticas tradicionais e por isso pode reagir contra a opressão e a estreiteza com gestos límpidos e criadores” (VELOSO, 2008, Verdade Tropical, p. 313)

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

NICO, 1988 - O FILME


Este ano por motivos profissionais não deu pra acompanhar a 41a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas, por acaso me encontrava numa reunião no Café do CineArte, aí rolava a muvuca do festival e de repente uma amiga contou que a próxima sessão seria o filme "NICO,1988", roteiro e direção de Susanna Nicchiarelli. 



Sim, a Nico, a louraça vocalista do "The Velvet Underground". 


Não pensei duas vezes e entrei na sessão mais por curiosidade pela personagem do que pelo filme. Arrisco dizer que é um filme perturbador. 

Como insinua o título, essa cinebiografia se passa no último ano de vida da cantora alemã, ícone dos anos 60/70 quando ela tenta se desvencilhar da Nico e assumir carreira solo como Chista, seu nome de batismo. 


Trine Dyrholm, a atriz que interpreta Nico simplesmente nos impacta de uma maneira que você se sente íntimo da personagem, isto se você conseguiria conviver com aquela personalidade instigante e dilacerante.

domingo, 22 de outubro de 2017

TROPICÁLIA...50 ANOS


1967- 2017: meio século & ainda mais do que nunca tropicalista. 


Capa seminal do movimento e do long-play "Tropicália", o antes & depois da música popular/tradicional/clássica brasileira. 

Na foto: Arnaldo Batista, Caetano Veloso, Rita Lee, Sergio Dias, Tom Zé, Rogerio Duprat, Gal Costa,Torquato Neto, Gilberto Gil, Nara Leão (com Caetano Veloso) e Capinan (com Gilberto Gil).

sábado, 21 de outubro de 2017

O REI DA VELA - 50 ANOS


"O REI DA VELA" de Oswald de Andrade, sob a direção de Zé Celso Martinez Correa influenciou e foi influenciado & o mais incrível desta peça teatral, escrita entre 1933/1937 e encenada em 1967, é a sua atualidade: 


"Senilidade mental nossa? Modernidade absoluta de Oswald? Ou pior, estagnação da realidade nacional?" Zé Celso M Correa, 1968.


"Livre-pensar é só pensar" Millor Fernandes

www.tudoporamoraocinema.com.br

Minha foto
Nasceu em Manaus-AM. Cursou o Instituto de Artes e Arquitetura-UnB(73). Artes Cênicas - Parque Lage,RJ(77/78). Trabalha há mais de vinte anos em projetos autorais,dirigindo filmes documentários:"SEGREDOS DO PUTUMAYO" 2020 (em processo); "Tudo Por Amor Ao Cinema" (2014),"O Cineasta da Selva"(97),"Via Látex, brasiliensis"(2013), "Encontro dos Sabores-no Rio Negro"(08),"Higienópolis"(06),"Que Viva Glauber!"(91),"Guaraná, Olho de Gente"(82),"A Arvore da Fortuna"(92),"A Agonia do Mogno" (92), "Lina Bo Bardi"(93),"Davi contra Golias"(94), "O Brasil Grande e os Índios Gigantes"(95),"O Sangue da Terra"(83),"Arquitetura do Lugar"(2000),"Teatro Amazonas"(02),"Gráfica Utópica"(03), "O Sangue da Terra" (1983/84), "Guaraná, Olho de Gente" (1981-1982), "Via Láctea, Dialética - do Terceiro Mundo Para o Terceiro Milênio" (1981) entre outros. Saiba mais: "O Cinema da Retomada", Lucia Nagib-Editora 34, 2002. "Memórias Inapagáveis - Um olhar histórico no Acervo Videobrasil/ Unerasable Memories - A historic Look at the Videobrasil Collection"- Org.: Agustín Pérez Rubío. Ed. Sesc São Paulo: Videobrasil, SP, 2014, pág.: 140-151 by Cristiana Tejo.